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Ataques DDoS L7: O que ISPs precisam observar antes do fim do ano?

A paisagem da cibersegurança está em constante mutação e, nesse contexto, os ataques de Negação de Serviço Distribuído (DDoS) na Camada 7 (L7), ou camada de aplicação, continuam a ser uma das ameaças mais críticas e evolutivas para a estabilidade da internet. Nos últimos meses, entretanto, observamos uma mudança significativa no comportamento desses ataques, tornando-os mais sofisticados, potentes e, acima de tudo, difíceis de mitigar. Para os Provedores de Serviços de Internet (ISPs), portanto, que formam a espinha dorsal da conectividade digital, entender essas novas tendências é crucial — principalmente porque a aproximação do final do ano é um período tradicionalmente marcado pelo aumento do tráfego online e, consequentemente, das atividades maliciosas.

Este artigo aprofundado explora as recentes mudanças no comportamento dos ataques DDoS L7 e oferece insights valiosos para que os ISPs possam fortalecer suas defesas e garantir a resiliência de suas redes antes que o ano termine.

O que são ataques DDoS L7 e por que são tão perigosos?

Diferente dos ataques volumétricos tradicionais, que visam sobrecarregar a largura de banda da rede (Camadas 3 e 4), os ataques DDoS L7, por sua vez, miram a camada de aplicação do modelo OSI. Em outras palavras, eles são projetados para esgotar os recursos de um servidor, simulando tráfego legítimo de usuários. Para isso, realizam requisições que parecem normais, como solicitações HTTP GET/POST, e, dessa forma, acabam sobrecarregando aplicações web, APIs e bancos de dados.

Além disso, a periculosidade desses ataques reside em sua capacidade de passar despercebidos por firewalls e sistemas de detecção de intrusão tradicionais, que não analisam o conteúdo das requisições. Consequentemente, por exigirem menos largura de banda para serem eficazes, botnets menores podem causar danos significativos, o que torna, portanto, a barreira de entrada para os atacantes perigosamente baixa.

As novas faces dos ataques DDoS L7: O que mudou nos últimos meses?

Relatórios recentes de segurança cibernética, incluindo dados do terceiro trimestre de 2024, pintam um quadro alarmante. A frequência e a intensidade dos ataques DDoS L7 não apenas aumentaram, mas seu comportamento se tornou mais estratégico e evasivo.

A ascensão dos “Ataques Relâmpago” (Burst Attacks)

Uma das tendências mais notáveis é o aumento dos chamados “burst attacks”. Esses ataques são de curta duração, geralmente durando apenas alguns minutos, mas apresentam um volume de requisições por segundo (RPS) extremamente alto. O objetivo é simples: sobrecarregar os sistemas de mitigação antes que eles consigam reagir.

Para os ISPs, isso representa um desafio crítico — a detecção e a resposta precisam ocorrer quase instantaneamente.
Soluções que dependem de análise manual ou que possuem um tempo de ativação (time-to-mitigate) elevado tornam-se ineficazes diante dessa tática.

APIs como o novo alvo preferencial

Com a proliferação de microsserviços, aplicações móveis e dispositivos IoT, as APIs se tornaram a espinha dorsal da comunicação digital. Infelizmente, isso também as transformou em um alvo principal para ataques DDoS L7. Os cibercriminosos estão explorando a lógica de negócio das APIs, enviando requisições complexas e que consomem muitos recursos, projetadas para esgotar a capacidade de processamento do servidor. A proteção de APIs tornou-se, portanto, um componente não negociável da estratégia de segurança de qualquer ISP.

A ameaça persistente da vulnerabilidade HTTP/2 Rapid Reset

Descoberta no final de 2023, a vulnerabilidade conhecida como “HTTP/2 Rapid Reset” (CVE-2023-44487) continua a ser, ainda em 2025, um vetor de ataque potente. Especificamente, essa técnica explora uma fraqueza no protocolo HTTP/2, o que permite que um único cliente envie e cancele requisições em uma sucessão extremamente rápida.

Como consequência, surgem ataques hipervolumétricos na camada de aplicação, capazes de gerar milhões de requisições por segundo a partir de uma botnet relativamente pequena. Além disso, muitos servidores e equipamentos de rede ainda permanecem vulneráveis caso não sejam devidamente atualizados, o que representa, portanto, um risco latente e significativo para a infraestrutura dos ISPs.

Sofisticação e simulação de comportamento humano

Os ataques L7 modernos utilizam bots cada vez mais sofisticados que podem simular o comportamento de usuários legítimos de forma convincente. Eles podem executar JavaScript, manter cookies e variar seus padrões de requisição para evitar a detecção baseada em assinaturas. Essa “camuflagem” torna a diferenciação entre tráfego malicioso e legítimo uma tarefa hercúlea, exigindo soluções de mitigação baseadas em análise comportamental e inteligência artificial.

Preparação para o fim do ano: O que os ISPs precisam observar

O período de festas de fim de ano, juntamente com eventos como a Black Friday e o Natal, representa um aumento maciço no tráfego de e-commerce, streaming e serviços online. Para os ISPs, este é um momento de alerta máximo. A seguir, apresentamos uma lista de observações e ações cruciais para fortalecer as defesas contra os ataques DDoS L7.

Revisar e otimizar o tempo de resposta à mitigação

Contra os burst attacks, cada segundo conta. Por isso, os ISPs precisam avaliar cuidadosamente suas soluções de mitigação, com foco especial no time-to-detect e time-to-mitigate. Nesse sentido, a automação surge como a chave para uma defesa realmente eficaz. De fato, soluções que utilizam aprendizado de máquina para detectar anomalias no tráfego da Camada 7 e, em seguida, acionar a mitigação automaticamente — sem intervenção humana — são essenciais.

Além disso, é altamente recomendável considerar a implementação de plataformas de Network Detection and Response (NDR), já que elas oferecem visibilidade em tempo real do tráfego da aplicação, possibilitando, assim, uma resposta muito mais ágil e precisa.

Implementar uma estratégia robusta de segurança para APIs

Não basta proteger o front-end das aplicações web. Os ISPs devem oferecer ou implementar soluções de segurança que cubram todo o ciclo de vida das APIs. Isso inclui:

  • Rate Limiting (Limitação de Taxa): Estabelecer limites estritos para o número de requisições que um único endereço IP pode fazer a um endpoint de API em um determinado período.
  • Web Application and API Protection (WAAP): Utilizar soluções de WAAP, que combinam a proteção de Web Application Firewalls (WAF) com a segurança específica para APIs, incluindo a detecção de abuso de lógica de negócio.
  • Autenticação e Autorização Fortes: Garantir que todas as APIs tenham mecanismos de autenticação e autorização robustos para prevenir o acesso não autorizado que pode ser um precursor de um ataque DDoS.

Mitigação na borda da rede e verificação do HTTP/2

A defesa contra ataques como o HTTP/2 Rapid Reset deve começar na borda da rede. Os ISPs devem considerar mover a mitigação de DDoS para a nuvem ou para a borda da rede (edge). Isso permite que o tráfego malicioso seja filtrado antes mesmo de atingir a infraestrutura principal. Além disso, é imperativo garantir que todos os servidores web, load balancers e outros equipamentos de rede que utilizam o protocolo HTTP/2 estejam com os patches de segurança mais recentes aplicados para corrigir a vulnerabilidade.

Adotar análise comportamental e inteligência de ameaças

Com atacantes simulando comportamento humano, a análise baseada em assinaturas torna-se, portanto, insuficiente. Diante desse cenário, os ISPs precisam de soluções que estabeleçam uma linha de base (baseline) do tráfego normal e, a partir disso, utilizem análise comportamental para identificar desvios sutis que possam indicar um ataque L7 em andamento.

Além disso, ferramentas de User and Entity Behavior Analytics (UEBA) podem ser integradas a fim de enriquecer a detecção, correlacionando o comportamento do tráfego com as atividades dos usuários. Por fim, a assinatura de feeds de inteligência de ameaças (threat intelligence) também é vital, pois permite manter-se atualizado sobre novas botnets e vetores de ataque.

Realizar testes de penetração e simulações de ataque

Não espere um ataque real para testar suas defesas. Em vez disso, a realização regular de testes de penetração e simulações de ataques DDoS L7, em um ambiente controlado, é essencial, pois pode revelar pontos fracos na sua infraestrutura e no seu plano de resposta a incidentes. Além disso, esses testes ajudam a garantir que tanto a tecnologia quanto as equipes estejam devidamente preparadas para agir de forma rápida e eficaz no momento em que um ataque ocorrer.

Considerações finais

A evolução dos ataques DDoS L7 nos últimos meses demonstra que os cibercriminosos estão constantemente inovando suas táticas. Para os ISPs, a postura reativa não é mais uma opção viável. A preparação para o aumento do tráfego no final do ano exige uma abordagem proativa, focada na automação, na proteção de APIs, na segurança de borda e na inteligência artificial.

Ao compreender as novas nuances do comportamento dos ataques — como a velocidade dos “burst attacks”, o foco crescente nas APIs e a persistência de vulnerabilidades como o HTTP/2 Rapid Reset — os Provedores de Serviços de Internet podem tomar medidas concretas para fortalecer suas defesas.

Garantir a resiliência da rede não é apenas um desafio técnico. É também um compromisso com a estabilidade do ecossistema digital e com a confiança dos clientes, que dependem de uma conectividade segura e ininterrupta.
Portanto, a hora de se preparar é agora.


Este conteúdo foi produzido pela Huge Networks. Nossa empresa protege sua rede corporativa, acelera aplicações na nuvem, mitiga ataques DDoS e mantém ameaças cibernéticas afastadas. Assine nossa newsletter e fique por dentro das últimas novidades em segurança e infraestrutura digital!

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